O que você precisa saber sobre Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.
O ser humano pode adquirir esse protozoário basicamente de três maneiras: ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; por intermédio de infecção transplancentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez; ingestão de oocistos provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminados com fezes de gatos infectados;
A questão é que, muitas vezes, os gatos são colocados como os grandes causadores da doença, sendo que, apenas 1% dos gatinhos transmite a toxoplasmose e, para isso, eles precisam estar doentes e, principalmente, na fase de eliminação dos oocistos. Não são todos os felinos que tem predisposição à doença, mas somente aqueles que ingerem carne crua ou mal passada ou, ainda, se ele comer insetos, ratos, lagartixas que contenham cistos do protozoário. Para que ocorra transmissão para o gato, é necessário que ele coma a carne que contenha os cistos do toxoplasma. Na maioria dos casos, são animais que tem acesso à rua e que estão com seu sistema imune comprometido. É importante saber que adquirir toxoplasmose de gatos é muito raro e ele não é a principal fonte de transmissão.
Geralmente, o gato que contraiu toxoplasmose, irá eliminar os oocistos (“ovinhos” do toxoplasma) apenas uma única vez e por apenas 15 dias durante toda a sua vida. Esta eliminação ocorre 10 dias após o gatinho ter sido infectado. Para que você se contamine com o toxoplasma, você precisa comer a forma infectante, que nada mais são que os ovinhos germinados presentes nas fezes do gato contaminado. Ou seja, você precisa que as fezes do gato tenham contato com sua boca. E tem mais, as fezes do gato infectado precisam ter contato com sua boca depois de 48 horas que o gato tenha defecado, caso contrário, os “ovinhos não germinam” e o ciclo não se completa.
Vale lembrar que os gatos são animais extremamente limpos. Eles têm o habito de enterrar seus dejetos e se limpar várias vezes ao dia. Não se contrai toxoplasmose beijando ou acariciando seu ronrom, e nem através de lambidas, mordidas ou arranhões.
Deixando claro que o gato não é o grande vilão dessa história, vamos a como você pode se infectar com a toxoplasmose:
- Ingestão de carne crua ou mal passada e pela ingestão de legumes, verduras e frutas mal lavadas;
- Ingestão acidental, se as mãos não forem bem lavadas após o manejo de carne crua;
- Ingestão acidental, ao usar utensílios que entraram em contato com a carne crua e contaminada (se eles não forem bem lavados depois);
- Bebendo água sem tratamento, e que tenha sido contaminada com o parasita;
- Ingestão acidental, ao entrar em contato com as fezes de um gato infectado pela primeira vez pela toxoplasmose (se o gato já teve o parasita antes, o risco é mínimo). As fezes devem estar expostas há pelo menos dois dias.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 50 a 60% da população mundial adulta está infectada com toxoplasmose. Isso se deve ao fato de terem tido contato com o toxoplasma. Não quer dizer que essas pessoas estão doentes. Elas apenas possuem anticorpos contra a doença (são soropositivas para toxoplasmose). O problema ocorre em pessoas que estão com a imunidade baixa: nestes casos, os sintomas da toxoplasmose podem aparecer. Em pessoas saudáveis geralmente os sintomas não aparecem ou passam desapercebidos.
Uma situação delicada é quando uma mulher nunca teve contato com o toxoplasma (ou seja, ela é soronegativa para toxoplasmose) e engravida. Principalmente, durante os 3 primeiros meses de gestação, se a mãe se infectar e não tiver o tratamento adequado, pode ocorrer a transmissão do toxoplasma para o feto, acarretando problemas para ele. Se a mãe é soropositiva para toxoplasmose (ou seja, já teve contato com o toxoplasma), e agora está grávida, não precisa se preocupar. Agora, se a mãe é soronegativa para toxoplasmose, basta ter os mesmos cuidados que qualquer pessoa tem que ter para não contrair a doença:
- Lavar as mãos antes de comer ou beber;
- Lavar as mãos após a manipulação de carne e alimentos;
- Não tomar leite sem antes fervê-lo;
- Não tomar água de origem desconhecida;
- Não comer carne crua ou mal passada e nem verdura, legumes e frutas mal lavados;
- Não comer embutidos não fiscalizados, de procedência duvidosa;
- Usar luvas ao limpar a caixa sanitária de gatos e/ou quando for mexer com jardinagem;
- Se você for vegetariano, já não precisa se preocupar com carnes cruas ou mal passadas, mas tenha muita atenção nas frutas, legumes e verduras bem lavadas.
Desmistificando os gatos como vilões da história, vale lembrar que, mesmo as chances de contágio pelo gato não sendo grandes, é importante ter alguns cuidados com seu gatinho:
- Não o alimentá-lo com carne crua ou mal passada;
- Limpar a caixinha sanitária de preferência 2x ao dia;
- Desinfetar a caixa sanitária e a pá com água fervendo por 5 minutos diariamente (se o gatinho estiver doente);
- Evitar que seu gatinho tenha acesso à rua (assim evita que ele cace ratos, insetos, ou então que ele coma alimentos duvidosos - além dos outros perigos que a rua oferece);
- Manter seu gatinho vacinado e vermifugado;
- Levar seu gatinho frequentemente ao veterinário.
- Estocar alimentos e ração adequadamente evitando o acesso de insetos (insetos podem “carregar” o oocisto esporulado até a ração. Se o animal ingerir a ração contaminada ele irá se infectar com o toxoplasma).
No Adote um Ronrom tivemos o caso da Cacau, uma gatinha que foi adotada, e foi diagnosticada com toxoplasmose. O adotante tirou todas as dúvidas com o veterinário, que esclareceu que a doença já havia sido eliminada, não havendo nenhum problema para a família. Veja o depoimento da família que adotou a Cacau.
Fonte das Informações: Site da PEA (Dra. Gabriela Toledo, Médica Veterinária, Presidente da PEA - Projeto Esperança Animal); World Animal Protection; Sociedade brasileira de infectologia.