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Depoimento da Adotante: Amêndoa e Avelã (Amanda e Sara)

Nós, do Adote um Ronrom, ficamos muito felizes quando os gatinhos são adotados. É motivo de muita alegria trazermos notícias sobre o final feliz da busca por um lar e também início da convivência de cada um deles no novo lar. O depoimento de hoje é da Teresa, que adotou a Amêndoa e a Avelã, agora chamadas de Amanda e Sara. As duas foram adotadas juntas, pois são FELV positivo, já eram parceirinhas no projeto e separá-las causaria muito stress, o que seria muito ruim para a saúde delas. Confira como está sendo essa nova fase para elas, inclusive para a Teresa.


Foto: Teresa Oliveira

A Amêndoa que virou Amanda e a Avelã que virou Sara

Desde a primeira vez que fui ao Ronrom, Amêndoa me chamou atenção. Ainda menina, com uns 6 meses aproximados, ela ficava junto com mais 3 gatas FELVs em um espaço separado por imenso vidro dos outros gatos. Ela arregalava os olhos e miava estranho, por conta da atrofia das cordas vocais que o vírus causa, e quando se chegava perto ela ficava ronronando e engasgando, por conta de um pulmão um tanto problemático, também por causa do vírus. Encantadora. Desde essa primeira vez e todas as vezes que ia trabalhar na limpeza do Ronrom, eu e ela conversávamos sobre a possibilidade dela vir morar comigo quando eu me mudasse para um lugar que pudesse ser telado. Assim, ela foi virando Amanda para mim, e me lembrava muito uma menina que conheci pequena e que agora é uma mulher adulta, pedagoga, amorosa e socialmente inteligente. A parceira dela entre as meninas FELVs era a Avelã, e como a parceira/prima da minha amiguinha-pessoa Amanda se chamava Sara, comecei a chamar essa parceira-gata também de Sara.

A Carol, diretora do Ronrom, sempre deixou bem claro que adotar uma gata FELV significava adotar duas gatas, pois o estres é algo que prejudica a imunidade, e separar as amigas seria algo muito ruim nesse sentido. As tentativas de aproximação de Sara, entretanto, eram sempre muito tensas: ela se entocava toda vez que eu entrava no espaço delas e mesmo com pessoas mais experientes me dizendo que eu tinha que forçar uns carinhos, eu achava horrível forçar uma situação para me aproximar. Ainda acho. O tanto que Amanda era interativa e fácil com as pessoas, a Sara era retraída e desconfiada. Uma bela dupla.

Então, quando consegui mudar de casa, seis meses depois de conhecer a Ronrom, Amanda e Sara vieram morar comigo, e eu me comprometi em ser a tutora dessas meninas. Os dois primeiros dias foram de terror, com as duas muito assustadas e entocadas, e eu me achando uma monstra por causar esse sofrimento a elas. Como o único cômodo da casa em que poderia acomodá-las de maneira mais reclusa era o meu quarto, passávamos a noite juntas, elas miando e chorando de um lado e eu cada vez mais triste do outro. No segundo dia elas ainda choravam e não me deixavam chegar perto, mas já estavam comendo e usando a caixa de areia, o que ao menos me fez relaxar um pouco, e no terceiro dia Amanda começou a se aproximar e me deixar fazer algum carinho, desde que não durasse muito tempo.

No dia seguinte, abri a porta para que elas pudessem conhecer o resto da casa e rapidamente elas começaram a explorar o “mundão”. Sara ia pelos cantos e encontrou uma toca perfeita embaixo na mesa de canto da sala, e Amanda, com os olhos arregalados, cheirava tudo, se esfregava em tudo, vinha até mim para um carinho, ia até a irmã e as duas se enroscavam, para depois ela partir para mais um pouco de exploração: ela estava encantada. Eu rolava de rir quando ela pegava um ratinho de cordas e ficava jogando de um lado para o outro com cara de demônio, toda branca com aquela língua vermelha para fora.

Aí Amanda descobriu a janela da sala. Ao mesmo tempo que se sentia segura, por conta da tela e do vidro, havia vento para ser cheirado, pessoas do outro lado do muro que conversavam, brigavam, choravam e riam, cachorros que latiam ao fundo, outro gato que subia no muro, muitos barulhos estranhos das construções ao redor, carros que passavam. Ela olhava para mim, olhava para o mundo, corria até a irmã e voltava para janela, se apoiando na poltrona que ficava ao lado. Até que ela se sentiu segura o suficiente para deitar-se no parapeito da janela. Foi quando a vi na janela, inteira, esticada e cheirando o ar, que me dei conta de que a pequena Amêndoa que conheci na Ronrom era uma gata adulta, grande e com 1 ano ou talvez mais. Essa era a Amanda. Sara acabou tomando coragem e indo para a janela com a parceira, e juntas cheiravam a brisa que entrava pela janela trazendo tantas informações que só elas podiam captar... Sara, porém, queria muito se enfiar entre o vidro e a tela tentando romper a tela e escapar. Amanda a puxava pelo rabo e a fazia voltar. Esse comportamento me levou à Carol novamente, para perguntar a ela sobre a origem das duas, e fiquei sabendo que a Amanda veio de Pomerode, onde ela convivia com pessoas e outros gatos, enquanto Sara vinha de Laguna onde os gatinhos eram abandonados nas pedras junto ao mar e elas aprendiam a sobreviver se entocando entre as pedras. Comecei a entender e respeitar melhor o comportamento das duas. Parecia que tudo estava caminhando para uma convivência boa, com elas a cada dia confiando mais em mim e eu entendendo mais como elas eram.

Foto: Teresa Oliveira


O que mais me tranquilizava, porém, era ver a incrível amizade das duas. Se uma se afastava muito a outra já miava – e esse miado que as gatas FELVs têm é um choro profundo -, até a que se afastou miar de volta ou voltar. Amanda, sabendo da timidez da Sara, vinha até mim, ia até a Sara e a cercava, voltava para mim, até a Sara ter coragem de se aproximar. Quando Sara chegava perto o suficiente para que eu pudesse fazer um afago, Amanda se afastava um pouco e deitava, nos observando e dando espaço para a mana. E quando Amanda ficou muito assustada com a janela, o vento e os barulhos, Sara tomou a iniciativa, foi até a janela, sentou-se e miou até Amanda ir também, e então ficavam as duas ali, assim, olhando o mundão e se apoiando mutualmente.

Como faço atendimento de pessoas na sala, para que as gatas pudessem ocupar a casa seria necessário que não se perturbassem com pessoas estranhas que entrassem e nem perturbassem as pessoas que atendo. Uma amiga que viria passar o fim de semana comigo seria o nosso teste nesse sentido. Quando minha amiga chegou as duas se entocaram embaixo da mesa de canto na sala e nós ficamos ali do lado conversando. As meninas pareciam tranquilas. Mas eis que de repente a Amanda sai de debaixo da mesa, dá uma volta corrida pela sala e volta a se entocar. Faz isso umas 3 vezes e então pula no braço da poltrona em que eu estava sentada, que era a poltrona que ela usava para ter acesso à janela, tipo “sai daqui!!”. Ui... ainda bem que ela foi para cima de mim, mas tive que levá-las novamente para o quarto. A Sara rapidamente entendeu e foi, mas a Amanda deu muito trabalho para voltar ao quarto e ficou muito brava. O pouco de confiança que havia conquistado da Sara foi pelo ralo...

E agora, na última semana, estamos nesse processo de reconstrução. Abri a varanda onde sou tutora de algumas plantas e que tenho que cuidar para que as meninas só comam aquelas que plantei para elas, como capim limão e sementes de pipoca, e deixem as outras em paz. Mesmo que tenha tido o cuidado de estudar as plantas para ter certeza de que não são venenosas, elas não são para ser comidas. Mas elas são muito inteligentes e já entenderam. O vento que vem do mar parece chamar a Sara: é bem bacana vê-la de pé na mureta da varanda, com o focinho enfiado em um dos buracos da tela, com aquela pelagem linda ao vento, parecendo até que vai gritar “I’m the queen!!”. Mas na maioria das vezes tenho que ficar brincando com ela de “eu acho que vi um gatinho...”. Amanda rapidamente se reaproximou e adora pular na minha cama para me acordar mordendo meu pé de manhã. Comecei a usar floral para animais há 2 dias, e elas parecem responder muito bem, pois a Sara não está mais correndo para se entocar quando entro no quarto e a Amanda está indo com maior facilidade para a varanda. As duas voltaram a brincar de pega-pega na minha presença, para minha alegria e grande diversão.

Enfim, amiguinhos, nós três estamos bem, aprendendo a conviver e ultrapassando obstáculos. Aprendo muito todos os dias – dava para escrever um livro, sem dúvida – e acho que encontrei um caminho de respeito e cuidado até elas que está funcionando. Mas talvez leve mais tempo para que estejamos todas à vontade e vivendo felizes para sempre. Quanto à questão da FELV, elas ficam bem cansadas e arfantes depois de brincarem alucinadamente, mas acho que isso é normal, né? Agora que têm mais espaço para correr talvez precisem de um tempo para entrar em forma. Tomo os cuidados que me foram passados, como ração de qualidade e complemento alimentar e agora encontrei também um floral para ajudar na proteção imunológica que vou começar a usar quando o outro tratamento floral, para a adaptação, terminar.


Muito grata pela força de todo mundo e mando notícias de vez em quando, ok?

Abraços”

Foto: Teresa Oliveira

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